Mas o que me apetece aqui realçar é o reforço de convicção que aí ganhei de que um projecto universitário não pode prescindir da realidade subjectiva dos homens e das mulheres que laboriosamente dão corpo e alma a esse projecto. Eu insisto que há uma triste realidade humana, não assumida e não confessada, por cima da qual se cruzam discursos, propostas de estratégia, projectos de estatutos e até grandes desígnios democráticos e humanistas. E a propósito de humanismo e democracia vai-se tornando cada vez mais claro que bem prega Frei Tomás, entre nós.
A triste realidade humana de que falo empobrece a vida das pessoas, empobrece a instituição e prejudica enormemente o cumprimento da sua responabilidade social.
Em dada altura, falava-se que no lugar do medo se deveriam colocar as novas oportunidades... como se o medo, uma realidade que faz parte da vida de muitas pessoas no momento de crise que vivemos, pudesse ser exorcizado de forma tão ligeira. Frequentemente quem fala alto, esquece-se que quem tem medo, quem sofre, quem se sente fragilizado, não o confessa porque sente que isso o(a) fragilizaria ainda mais e, por outro lado, não têm forças para afirmar o seu protesto. Há um silêncio pesado de uma realidade que não tem voz; e quantas vezes os tiranetes se valem da situação de crise para ficarem mais "fortes", apertando ainda mais a malha do controlo.
O medo de se perder o emprego, por exemplo, coloca as preocupações dominantes ao nível das necessidades básicas individuais.
Que pensamento estratégico e que novas oportunidades para a UM pode construir quem vive esssa situação? E que poder está nas suas mãos?
Nenhum povo come Filosofia para matar a fome!
2 comentários:
Quem vive com medo quando está vulnerável tornar-se-á sempre uma pessoa manipulável. Será sempre considerado desta forma pelos mais fortes e pelos seus pares. Por isso no seu meio haverá sempre alguém que lembrará isto aos outros.
O que é mais saudável: é arriscar a ser despedido ou despedir-se de uma vida livre e éticamente sã?
Não perca a esperança, porque afinal somos avaliados por júris e nesses júris há de tudo, não sendo todos do regime e sendo alguns de fora. Felizmente os critérios são também cada vez mais transparentes (quero crer)
Caro colega, eu tenho esperança e não tenho medo. Acha que estaria aqui se o tivesse. Como leitor atento da realidade que quero ser, não posso ignorar que o medo está por aí muito disseminado. Percebo o que diz. Obrigado pela força!
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