segunda-feira, 21 de junho de 2010

Conferência "Psicopatas no local de trabalho? O assédio moral nas organizações"

A Universidade do Minho acolhe na próxima terça-feira, 22 de Junho, entre as 15h e as 17h, a aula aberta/conferência "Psicopatas no local de trabalho? O assédio moral nas organizações". A iniciativa vai decorrer na sala 3.301 do Complexo Pedagógico 3, no Campus de Gualtar, Braga.

Está prevista a projecção de um pequeno filme sobre "mobbing" e uma conferência, com as palestras "Repercussões do Mobbing/Assédio moral no bem-estar do trabalhador", por Ana Lúcia João, "O assédio moral no trabalho: uma perspectiva feminista", por Joana Oliveira, e "O assédio moral como comunicação patológica: o contributo de Gregory Bateson", por Luzia Pinheiro e José Pinheiro Neves. A moderação cabe a Joel Felizes, Director do Curso de Sociologia da UMinho. A organização do evento cabe ao Departamento de Sociologia do Instituto de Ciências Sociais da UMinho, ao Núcleo de Estudantes do Curso de Sociologia (NECSUM) e à unidade curricular "Trabalho e Culturas Profissionais" do Curso de Sociologia.

Contactos:

Instituto de Ciências Sociais da UMinho
Departamento de Sociologia
Tel.: 253604212 /80
Email: sec-dsa@ics.uminho.pt

Comentário:
Felicito os organizadores pela iniciativa. A problemática a abordar tem sido matéria tabu, mas tem uma grande expressão e implicações graves para a vida de muitas pessoas e contribui para a degradação do clima de trabalho nas instituições. Nas universidades, a conjugação de uma estrutura rígida e fortemente hierarquizada, com o estatuto de Autonomia (com todas as suas interpretações perversas e abusivas) faz com que o fenómeno de mobbing/assédio moral seja um problema particularmente crítico. Façam-se as contas aos que têm sido forçados a sair por não suportarem as pressões a que são submetidos... No pequeno espaço institucional que melhor conheço, e apenas num período de 1 ano e meio, dois professores auxiliares e um assistente foram-se... Isto tem que mudar, os déspotas tem que acabar.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A consumação de um plano de destruição humana

Guardo comigo cópia da acta de uma reunião no ex-CIFOP (chegou-me às mãos há uns 10 anos), realizada em 21 de Junho de 1990. A reunião, realizada com a presença do Reitor da Universidade do Minho de então, tinha como único assunto eu próprio, embora ausente. Na referida acta pode ler-se:

“O Prof. X interveio para afirmar que não está a pedir o levantamento de um processo disciplinar mas que fará todos os possíveis para que ele (Dr. Sá) se vá embora”.

Por incrível que pareça, coisas destas constam de uma acta; reinava então uma espécie de legitimidade "revolucionária" de um "iluminado", o que redundava na ausência do mais elementar bom-senso. Por isso mesmo, nessa altura e nos anos seguintes, ganhei todas as eleições para representante dos docentes não doutorados a que me apresentei (e foram 3), por larguíssia maioria, num universo de 30 a 40 docentes (havia os docentes requisitados da profissionalização em exercício, com direito de voto).

O que me movia no propósito de ser representante eram a o direito de participação dos docentes, a exigência de informação, pugnar pela democraticidade e transparência das decisões, a defesa da igualdade (de tratamento, de oportunidades e de recursos disponibilizados aos docentes) contra a discriminação, a recusa de todas as formas de conduta anti-ética, designadamente, o desrespeito das pessoas e os abusos de poder. Mas à lei força, acabava sempre por prevalecer o contrário do que eu e os meus colegas defendiam. Por isso se criou a tese de que não tínhamos ainda "cultura universitária", do mesmo modo que, mais de uma década depois, uma colega estrangeira "não se adaptava à cultura portuguesa", pois a sua liberdade de pensamento tornara-se particularmente incómoda.

Com a minha visão do mundo, pensamento, convicções e personalidade, eu percebi que tinha caído no fundo de um poço sufocante onde me era impossível respirar. Foi por isso que no início do ano lectivo de 91/92 comuniquei a minha decisão de no final desse ano abandonar a UM e concorrer para o Ensino Secundário, de onde me tinha desvinculado do lugar de professor efectivo. Mas durante esse ano, os alunos do 1º ciclo "convenceram-me" que o trabalho exploratório de investigação que fazia com eles nas suas salas de aula era único e necessário. Decidi então ficar para dar continuidade a esse trabalho fascinante (ver http://geniociencia.blogspot.com/ ), que eu tinha iniciado de forma completamente desprendida, pois tinha a perspectiva de abandonar a carreira universitária alguns meses depois.

Mas persistiam os problemas com a minha presença na instituição. O simples facto de fazer perguntas que para sempre ficaram sem resposta... era uma heresia insuportável. A minha conduta tinha o apreço e a consideração da esmagadora maioria dos meus colegas de então e era especialmente isso que não podia ser tolerado por gente obcecada pelo o poder a qualquer preço. Era preciso cortar o mal pela raíz...

Aquela garantia inaudita (que eu desconhecia) de tudo se fazer para me afastar continha o anúncio de um plano de aniquilação profissional. Diferentes actores, que adoptaram a mesma "escola" da insana brutalidade, sustentada em superior patrocínio hierárquico, prosseguiam o plano enquanto eu resistia como podia; e assim foi durante 20 anos. A minha saúde foi-se degradando em diferentes aspectos, de ano para ano. Consequentemente, hoje estou em casa sem poder trabalhar: o plano cumpriu os seus objectivos.

Tristemente, é desta miséria moral que muito se fazem as nossas universidades e muitos dos notáveis que as habitam.

Para mais esclarecimentos:
http://liberdadeuminho.blogspot.com/2008/07/sero-essas-pessoas-normais.html

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A condecoração de Saldanha Sanches me conforta!

A notícia da morte de Saldanha Sanches, há cerca de um mês, entristeceu-me… Não tenho agora grandes palavras para explicar porquê … Direi tão só que compreenderá esse meu sentimento quem lê este blog e sabe do homem, do académico e do cidadão que era Saldanha Sanches. Reconhecido como um dos maiores especialistas portugueses na área do direito fiscal, Saldanha Sanches "chumbou" nas suas Provas de Agregação, em 27 de Junho de 2007, numa votação secreta... em que ninguém tem que dar a cara para se justificar. Não chegaria nunca a… jamais poderia ser Professor Catedrático.

No passado 10 de Junho, Saldanha Sanches foi condecorado... a título póstumo, como Grande Oficial da Ordem da Liberdade. Como disse Maria José Morgado, a esposa, após a condecoração ter sido recebida pela filha de ambos, Saldanha Sanches permanece entre nós, pela mão dos homens e mulheres que se conduzem e lutam pelos valores e princípios que nortearam a sua vida: valores de liberdade, de justiça, de honestidade, de ética, de honradez, de cidadania activa e de compromisso pessoal com o interesse comum. E também da coragem e da indignação que punha na afirmação de tais valores.

São boas razões para uma condecoração… apesar de a título póstumo, no dia de Portugal. Isso me conforta por estes dias de tristeza e indignação perante a recompensa da mentira e do embuste.