terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O nosso colega DANIEL LUIS vive uma situação dramática!

No passado dia 3 de Fevereiro, fiz eco de uma notícia que corria na blogosfera segundo a qual "um órgão da Universidade do Minho obrigou [um] docente a encerrar os seus projectos criativos na net, os quais tinham já uma visibilidade de âmbito nacional". Esse nosso colega é Daniel Luís e acaba de dar uma entrevista ao jornal comUM
Transcrevo alguns excertos da sua entrevista.


O Conselho de Departamento (…) deliberou, numa reunião, que estes meus projectos na blogosfera tinham que ser encerrados. Segundo argumentam, desprestigiam a minha própria imagem, a imagem do departamento e, acima de tudo, a imagem da universidade. Além disso, (…) dizem que eu faço lá coisas que não têm nada a ver com a minha profissão e que um docente universitário não pode ser escritor criativo nem humorista. Portanto, proibiram-me também de participar em eventos ligados ao humor.
(...)

comUM: Por que é que acatou essa decisão e não recorreu a outros órgãos da Universidade?

Eu pensei nisso tudo. Agora o que é facto é que esta foi uma decisão tomada em família. Sou casado, a minha mulher não tem emprego, tenho um filho pequeno para criar e preciso do ordenado para pagar a dívida da casa, para pagar o carro e por aí fora.

(...)
Penso que isto foi um processo de clara perseguição e censura da liberdade de expressão e uma tentativa de matar a minha criatividade. (…) [ O que fazia] trata-se de humor, nomeadamente da sátira política e social, da criatividade, da escrita non-sense e isso não é entendido como arte. Ou seja, o humor é entendido como provocação e como sendo algo que quer desestabilizar o sistema.
(…)

Vejo todos os dias à minha volta pessoas com medo de falar e de escrever aquilo que pensam, pessoas com medo de assumir aquilo que lhes vai na alma, precisamente com medo de sofrer represálias (…).
(...)

Isso foi das coisas que mais me chocaram no meio disto tudo. Nunca pensei que numa universidade virada para o futuro se pudesse, em princípio do século XXI, passar por algo deste tipo, ou seja, haver um professor – na prática acabaram por ser dois – incumbido de pesquisar a minha vida na net e na blogosfera. (…) Fui deste modo bisbilhotado na minha esfera íntima e pessoal. Eu sei que aquilo que está na net é público, mas fiquei chocado por haver alguém que foi mandado acompanhar os meus passos. A vida privada é íntima.
(…)

A partir do momento em que estou a dar esta entrevista eu sei que as coisas se vão complicar ainda mais para o meu lado, a vários níveis, (…) mas também acredito, por outro lado, que na universidade existe gente que não tem medo de falar e que também apoia o meu caso. Por isso, tenho esperança. (…) [As universidades] não são só compostas por pessoas que querem calar as outras, também são compostas por pessoas que querem contribuir para a emancipação do ser humano, para a liberdade de expressão, para a construção de uma universidade baseada na criatividade, em que nós somos livres de pensar.

(…) a partir do momento que isto me aconteceu, eu não tenho conseguido dormir nem comer. Isto começou a somatizar-se, apanhei mil e uma doenças e comecei a ficar muito perturbado emocionalmente porque não podia acreditar no que me tinha acontecido. Apesar de ter fechado os blogues logo que o meu director me pediu, o que é facto desde que isso aconteceu, em Dezembro, nunca mais escrevi uma linha nem para o doutoramento nem para a escrita criativa.

Comentário:

É inequívoco que o colega Daniel Luís vive uma situação dramática, do ponto de vista profissional, pessoal e familiar.

A quem pode recorrer um colega nestas circunstâncias?

Não acabou a Assembleia Estatutária de aprovar há dias que a Universidade do Minho preconiza contribuir para a construção de um modelo de sociedade baseado em princípios humanistas?

11 comentários:

Anónimo disse...

o colega Daniel Luís vive uma situação dramática mas tem de ter coragem para denunciar quem o fez. não se pode deixar que isto aconteça a mais ninguém. alguém tem de chamar os bois pelos nomes.

Anónimo disse...

Na verdade, com a entrevista que deu, ele denunciou.

Anónimo disse...

Afinal quem o fez?

Anónimo disse...

Isto parece um jogo de sombras. Toda gente sabe ou pode saber quem foi que comandou isto? Vejam o artigo do JN de hoje intitulado "è universidade estúpido". Quem manda no departamento?

Anónimo disse...

Comunicado do DSEAE: E esta hein...???

Anónimo disse...

do DSEAE? dos doutores, ops, dos catedráticos. E esta hein...???

Anónimo disse...

Fear

Anónimo disse...

Cagufa!

Anónimo disse...

O ataque das múmias ressuscitadas e dos seus e suas compagnons de route. A vergonha saiu à rua ou melhor à universidade para gozo da Inquisição no seu melhor estilo. Não há pachorra. Só fechando-os de novo no túmulo egipcio donde sairam. Abaixo as múmias e os seus capatazes...

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Pelos vistos, as múmias do DSEAE estão ainda cheias de vigor. Calaram o colega Daniel Luís de vez.