terça-feira, 29 de julho de 2008

A PSICOPATIA CORPORATIVA

Segundo o professor Carlos Goldenberg da Universidade de S. Paulo, Brasil, cientistas e instituições de investigação devem estar sob observação e controlo do ponto de vista de princípios éticos. Em vista dessa preocupação, criou em 2003 o curso Enginethics, cuja finalidade é promover a ética na engenharia. O seu interesse pelo tema decorre do facto de ter tido conhecimento de um estudo segundo o qual 70% das empresas de alta tecnologia criadas nos Estados Unidos, fechavam as suas portas ao fim de pouco tempo de existência. Estudou o fenómeno e concluiu que um dos factores importantes do insucesso residia no facto de os seus dirigentes não tratarem adequadamente todos os aspectos relacionais dos seus negócios com a sociedade, especialmente não se conduzirem em conformidade com valores éticos claros. Surgiu, então, a ideia de inserir a ética na formação de “profissionais integrais”

http://www.ripa.com.br/index.php?id=814&tx_ttnews%5BbackPid%5D=471&tx_ttnews%5Btt_news%5D=720&cHash=3fd7c28b3d)

Questionado sobre como pode a falta de valores levar uma empresa à falência, responde que a arrogância aliada à ignorância é o caminho para a auto-destruição de uma organização. Dá como exemplo o caso de alguém que tendo adquirido prestígio e poder, começa a dar palpites e a interferir de forma perigosa em domínios que não são da sua especialidade, o que pode dar origem ao que designa de “suicídio corporativo”.

No curso é dada grande relevância ao estudo da personalidade do psicopata corporativo, no sentido de os futuros “profissionais integrais” serem capazes de identificar os traços dessa personalidade em indivíduos aparentemente empáticos, carismáticos e envolventes. Desse modo ficam aptos a prever e prevenir o “desastre corporativo”. O conceito de psicopata corporativo emerge da reflexão sobre comportamentos altamente competitivos das pessoas, em ambiente de trabalho, que conduzem a atitudes imorais e desprovidos de ética, numa conquista obcessiva de poder e ascensão hierárquica dentro das organizações.

Robert Hare, professor da University of Britsh Columbia, Canadá, e seus colaboradores, publicaram na revista New Scientist resultados de um estudo segundo o qual as características de certos trabalhadores psicopatas são favoráveis a que tenham sucesso na carreira. É no caos organizacional que pessoas com tal perfil alcançam rapidamente o topo.

Michael Shemer, num artigo da revista on-line Scientific American (http://www.sciam.com/) intitulado Do All Companies Have to be Evil?, escreve:

“Evil often happens in hidden places, removed from social accountability, such as in the deep recesses of Abu Ghraib. The first line of defense against evil, then, is transparency, open communication and the constant surveillance of every aspect of a system.”

Sem comentários: