domingo, 5 de abril de 2009

António Damásio: duas ideias para uma Universidade Inteligente!

Da entrevista do ilustre neurocientista português, radicado nos Estados Unidos, António Damásio, a Judite da Sousa, na RTP1, na quinta-feira passada, retenho duas ideias importantes (cito de memória):

1 - Para a Natureza é indiferente que o Homem pratique o Bem ou o Mal. Porém, o desenvolvimento dos estudos sobre a consciência humana, que as neurociências estão hoje em condições de prosseguir e aprofundar, cria a possibilidade de uma evolução da espécie humana numa direcção em que o bem-estar de cada ser humano será indissociável do bem-estar do outro.

Comentário:

Pela mão das conjecturas da Ciência somos reconduzidos à dimensão do Transcendente. Na linha do tempo de uma tal perspectiva de evolução humana, os poderes que hoje promovem o mal-estar das pessoas dentro da sua esfera de influência situam-se porventura na idade das cavernas.

2 – O que mais aprecio nos Estados Unidos, na Universidade onde trabalho, não são os meios e a sofisticada tecnologia de investigação; essa está hoje disseminada por todo o mundo desenvolvido. O mais importante é a oportunidade do diálogo inteligente com os meus colegas – esse é o factor mais decisivo para dar resposta aos problemas e avançar.

Comentário:

O bullying académico (Twale. D. J. & De Luca, 2008) só pode ser o grau abaixo de zero do diálogo inteligente. Este fenómeno é uma realidade que assume uma expressão cada vez mais acentuada, mas permanece ainda um assunto tabu, especialmente em Portugal. O bullying não é um problema exclusivo de crianças, adolescentes ou jovens nas escolas básicas e secundárias; é um problema sério no seio da comunidade de docentes universitários.

É pois oportuno que o Departamento de Metodologias de Ensino (DME), numa sua reflexão sobre a constituição de um novo departamento, no âmbito do processo de reestruturação do IEC e do IEP, com vista ao novo Instituto de Educação, preconize o seguinte princípio de funcionamento: deve zelar, na sua organização e acção, pela criação de um clima de satisfação e bem-estar profissional, promovendo a participação dos seus membros nos processos de decisão.

Referência:

Twale, D. J. & De Luca, B. M. (2008). Faculty Incivility. The rise of the academic bully culture and what to do about it. San Francisco: John Wiley & Sons, Inc.

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