No passado dia 26/06/08 a Comissão Eleitoral divulgou a eleição dos representantes dos funcionários não docentes para o Senado e a Assembleia da Universidade, a saber: a) para o Senado - Albano José Dias Serrano, Amaro António M. Rodrigues, António Ovídio M. Domingues, Maria Fernanda Teixeira Ferreira; b) para a Assembleia - António José Teixeira Sousa, José Emílio Palmeira, Maria Emília Sampaio C. Rodrigues, Maria Fernanda Teixeira Ferreira, Maria José Lage Alves, Mauro Miguel Moutinho P. Fernandes. Nada de especialmente relevante haveria nesta informação se estivéssemos simplesmente na presença de uma eleição, a que concorreram duas listas, tendo uma sido derrotada (Unir a Academia) e outra saído vencedora. Mas foi muito mais do que isso o que aconteceu.
Num primeiro momento da eleição dos representantes dos funcionários não docentes a única lista candidata foi rejeitada por uma maioria de votos brancos. Esse facto não foi notícia, e eu soube disso já algum tempo depois. Confesso que não conhecia até então algo semelhante. De um modo geral, em qualquer eleição a que se apresenta uma única candidatura, esta acaba por ser eleita, sendo frequente lamentar-se a reduzida participação eleitoral, bem como e a fragilidade do mandato dos eleitos, em tais circunstâncias. Situações que revelam um elevado grau de alheamento em relação ao processo eleitoral. Não foi esse o caso daquela eleição. Fiquei pois perplexo com a força de afirmação da vontade e do sentir dos funcionários, expressa naqueles votos brancos.
Procurei entender melhor o fenómeno. Que tipo de lista suscitava tanta rejeição? Porque não se teria constituído uma lista alternativa, capaz transformar o protesto dos votos brancos em votos de apoio a essa alternativa?
Obtive duas respostas simples:
a) a lista era promovida e constituída por certas chefias que nos últimos anos foram nomeadas pelo Sr. Reitor;
b) o clima existente entre os funcionários, resultante de certas formas de exercício do poder, inviabilizou a possibilidade de se constituir uma lista alternativa
Não tendo sido eleitos os representantes dos funcionários, organizou-se novo acto eleitoral. A força dos votos brancos tornou inevitável a constituição de uma lista alternativa que, sem surpresa, ganhou as eleições em 28/03/07. Mas o que estava em jogo parecia demasiado importante para quem as tinha perdido: a lista e os poderes que a apoiavam. Foram pois as eleições impugnadas judicialmente por causa dos cadernos eleitorais - que na eleição anterior não tinham qualquer problema -, envolvendo processos muito pouco edificantes. O juiz anulou as eleições e deu um prazo de três meses para repetir o acto eleitoral. Mas havia muita pressa e, no dia seguinte à decisão do Tribunal, o Sr. Reitor decidia o afastamento dos funcionários eleitos dos órgãos a que pertenciam.
A repetição das eleições ocorreu no dia 25 de Junho, tendo sido reeleita a mesma lista de funcionários, face a uma outra lista que pretendia Unir a Academia. No dia 26, os funcionários eleitos divulgam um comunicado de que transcrevo um excerto:
Registamos, com apreço, o facto dos funcionários terem confirmado, de forma inequívoca, o sentido de voto manifestado na eleição de 28 de Março de 2007, conduzindo, deste modo, à nossa (re)eleição.
Ficou, assim, não só claramente legitimada (para quem a questionava) a nossa participação nos órgãos colegiais de governo da Universidade, como se confirmou que os resultados antes verificados não foram fruto do erro e do acaso, mas sim de uma vontade esclarecida e responsável do corpo de funcionários da Universidade.
Entendemos ainda esta votação como a expressão da confiança e apreço em nós depositados, pelo trabalho desempenhado não só nos órgãos de governo, como no nosso quotidiano, com seriedade e independência, norteados apenas pela defesa dos interesses dos funcionários e da Universidade do Minho.
Ao longo dos últimos meses, regemo-nos sempre por um sentido institucional, em que procuramos preservar, acima de tudo e em diferentes instâncias, a imagem e a credibilidade da Universidade, sentido este que, a nosso ver, com pesar, não foi por todos compartilhado.
São palavras de uma grande dignidade, serenidade e sentido de serviço institucional, no momento em que finalmente fazem vencimento os seus valores e princípios, bem como a sua capacidade de interpretarem o sentimento profundo e a vontade do corpo de funcionários não docentes.
O que é de uma grande indignidade em tudo isto são as tentativas do poder em sonegar ao corpo de funcionários não docentes o legítimo direito de terem nos órgãos de governo da UM aqueles que os representam. É profundamente deplorável que se tenha pretendido calar a voz dos funcionários, afastando os seus representantes. Só a coragem, a determinação e a clarividência dos funcionários eleitos impediu que tal desiderato se tenha consumado. E com isso ganhou toda a Academia. Ganhámos todos, funcionários docentes e não docentes.
MUITO OBRIGADO PELO VOSSO EXEMPLO!
1 comentário:
Estamos sempre disponiveis para combater ditadores e corruptos, por todos os meios...
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