terça-feira, 6 de outubro de 2009

As audições dos candidatos a Reitor da UM

Assisti hoje a parte das audições das candidaturas a Reitor da Universidade do Minho. No Anfiteatro A1 estariam pela manhã, a ver a audição de António Cunha, umas duas dezenas de pessoas. Da parte do candidato ouvimos uma reafirmação de posicionamento e de ideias que em parte já vimos conhecendo de outros actos eleitorais. O meu destaque vai para a resposta que foi dada a uma questão apresentada por um dos conselheiros. Perguntava Manuel Pinto se, sendo António Cunha apontado como uma “espécie de delfim” de Guimarães Rodrigues, se tinha para a UM uma perspectiva de gestão “numa linha de continuidade ou de demarcação, de ruptura mesmo”, relativamente à forma de governo da actual Reitoria. António Cunha respondeu que, como Presidente da Escola de Engenharia apoiou algumas decisões e discordou de outras do actual Reitor, e que não considerava útil "falar de contextos do passado em que ocorreram certas situações que tiveram as suas razões”. Por outras palavras, o candidato a Reitor optou por não assumir uma demarcação em relação à actual gestão da UM - dada a situação a que chegámos era importante que o tivesse feito. No que diz respeito à ética e ao “código de conduta académica”, referidas no seu programa, as palavras de António Cunha, em resposta a uma questão de Esgalhado Valença, sugerem basicamente uma preocupação com a defesa dos direitos de autor, perante a facilidade com que hoje se tem acesso a variada informação académica.

À tarde, estariam no A1 uma meia dúzia de pessoas para ver a surpresa que nos reservara o candidato Artur Águas. Li o texto do seu programa e não apreciei o que pareceu ser uma certa meritocracia, centrada em palavras-chave como excelência, elite e prémios. Mas o candidato surpreendeu completamente pela pessoa que se revelou e pela apresentação que fez. Eu acredito mais no homem que vi do que no texto que nos divulgou. Um homem cujo pensamento académico cosmopolita se revelou inspirador da mudança e da inovação; que ao mesmo tempo que assumia uma atitude desassombrada na abordagem dos problemas, gerava afectividade com os ouvintes. A sua visão do cargo de Reitor é o antídoto da tradicional visão concentracionária. Sublinhou os poderes do Conselho Geral como órgão máximo de governo, deu grande relevo aos poderes de um Administrador competente com vista a uma boa gestão financeira, e pôs muita ênfase na função de catalisador de ideias e de projectos que possam emergir das pessoas onde quer que seja, no tecido académico. E ao que lhe apontaram como menos-valia – o facto de ser de fora e não conhecer bem a UM – transformou em mais-valia: estar fora de qualquer lógica de inbreading; não estar preso a compromissos internos que lhe limitem a capacidade de decisão no sentido do interesse geral. Apontou o período de um mês para constituir a sua equipa reitoral.

A sua prestação surpreendeu e ganhou votos…

PS: Eu diria que não ficou nada bem a postura de uma conselheira que, interpelando Artur Águas, dava expressão à cultura oficial de provianciano auto-elogio que tem sido cultivado entre nós, em torno de coisas sem relevância. Afirmava com algum insistência, em duas intervenções, "nós já temos", "nós já fazemos", "a UM é pioneira", "um avez que tudo o que propõe já existe na UM, diga o que propõe de novo", etc. Senti-me até incomodado ver-me representado deste modo no CG.

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordoplenamente com a sua análise, no entanto não me parece que o CG seja isento, seclahar mais do que o candidato casa, o próprio CG esta de alguma forma sob controlo do ex reitor...Com todo o respeito pelos membros independentes, senão vejamos a aberração que foi a aprovação dos estatutos dos SAS...