Por Ana Rute Silva (Público, Agosto de 2009)
A Brisa foi a mais recente empresa a nomear um provedor. Desde que a EDP criou o cargo, em Fevereiro (2009), já foram feitas 30 queixas
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Desde que, em Fevereiro, assumiu as funções de provedor de ética da EDP Carlos Alberto Loureiro, 63 anos, já recebeu cerca de 30 reclamações. Destas, quatro avançaram para "processos éticos". A maior parte das queixas feitas pelos trabalhadores da eléctrica incidem sobre as relações laborais. "Têm a ver com a conduta no ambiente de trabalho, relações com a hierarquia, colegas", revelou Carlos Loureiro, acrescentando que, "de forma global, prendem-se com o reconhecimento do trabalho" e com comportamentos internos menos correctos.
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Desde que, em Fevereiro, assumiu as funções de provedor de ética da EDP Carlos Alberto Loureiro, 63 anos, já recebeu cerca de 30 reclamações. Destas, quatro avançaram para "processos éticos". A maior parte das queixas feitas pelos trabalhadores da eléctrica incidem sobre as relações laborais. "Têm a ver com a conduta no ambiente de trabalho, relações com a hierarquia, colegas", revelou Carlos Loureiro, acrescentando que, "de forma global, prendem-se com o reconhecimento do trabalho" e com comportamentos internos menos correctos.
O ex-secretário de Estado da Administração Interna de Cavaco Silva (1991-1995), que fez carreira na EDP em Portugal e no Brasil, tem como missão receber as reclamações, analisar as denúncias - pode pedir pareceres jurídicos - e levar (ou não) o caso ao comité de ética da empresa, dirigido por António Mexia, presidente da EDP. Caso este órgão entenda ter existido alguma infracção ao código de ética, pode ser instaurado um processo disciplinar. Não há queixas anónimas e o prazo para a resolução das denúncias, caso sejam consideradas relevantes, é de seis meses.
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A Brisa foi a mais recente empresa a nomear um provedor para resolver os dilemas internos. Em Junho, o economista Daniel Amaral, que fez quatro mandatos na administração da concessionária de auto-estradas, foi convidado a assumir o cargo por ter um "conhecimento profundo do funcionamento da empresa e uma larga experiência na área de recursos humanos", refere fonte oficial da Brisa.
A Brisa foi a mais recente empresa a nomear um provedor para resolver os dilemas internos. Em Junho, o economista Daniel Amaral, que fez quatro mandatos na administração da concessionária de auto-estradas, foi convidado a assumir o cargo por ter um "conhecimento profundo do funcionamento da empresa e uma larga experiência na área de recursos humanos", refere fonte oficial da Brisa.
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Para especialistas como Michael Hoffman, director executivo do Centro de Ética nos Negócios, no Bentley College, a função do provedor não será desempenhada da melhor forma enquanto estiver na alçada dos órgãos de gestão. Hoffman, que defende a integração do provedor no conselho de administração, sustenta que uma das suas tarefas é vigiar as decisões de gestão do presidente executivo.
Para especialistas como Michael Hoffman, director executivo do Centro de Ética nos Negócios, no Bentley College, a função do provedor não será desempenhada da melhor forma enquanto estiver na alçada dos órgãos de gestão. Hoffman, que defende a integração do provedor no conselho de administração, sustenta que uma das suas tarefas é vigiar as decisões de gestão do presidente executivo.
A nomeação de alguém para assumir o cargo também deve ser cuidadosa. "Se a direcção de uma empresa nomear alguém da sua exclusiva confiança, alguém do seu agrado, deparar-se-á com um muro de silêncio e de indiferença", avisa Olgierd Swiatkiewicz, professor na Escola Superior de Tecnologia de Setúbal e autor do estudo Dimensão ética da conduta das Empresas e dos Trabalhadores. O eleito terá de ter "reputação impecável" para que os funcionários não temam represálias. Na lista de problemas relatados, podem incluir-se o suborno, a fraude, o assédio sexual, ou a corrupção. Mas Mário Parra da Silva lembra que a ética das empresas "não se estabelece por decreto". E avisa que divulgar a existência de um provedor pode até ser "ridículo". "A organização deverá deixar o juízo sobre a sua conformidade ética a outros e ser discreta nessa matéria", defende.
Comentário:
Caros membros do Conselho Geral estes bons exemplos sugerem que é chegado o tempo de olhar de frente o problema da ética no seio da UM (em certos casos é a mais elementar decência moral que está ausente). A figura do Provedor do Estudante não deverá ser mais um capítulo de um populismo demagógico face aos estudantes, que se instalou nesta Universidade (algo deseducativo e com consequências negativas sob outros pontos de vista). Em tempos, sendo eu Assistente, fiz parte do Senado, e sempre que tentava expressar um ponto de vista dissonante do tom laudatório de então, de imediato alguém poderoso me "punha no lugar", remetendo-me eu depois ao silêncio (acabei por pedir a demissão). Mas quando os os estudantes pediam a palavra, eram ouvidos com uma deferência tal que o seu à vontade e jorrante oratória contrastava com o silêncio e constrangimento de muitos docentes. Ora, face à perfídia que atinge funcionários e docentes, justifica-se plenamente um provedor que se preocupe não apenas com os estudantes mas com todos e quaisquer membros da academia.
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