"Na sociedade portuguesa actual, o medo, a reverência, o respeito temeroso, a passividade perante as instituições e os homens supostos deterem e dispensarem o poder-saber não foram ainda quebradas por novas forças de expressão da liberdade. (...) É o medo que impede a crítica. Vivemos numa sociedade sem espírito crítico - que só nasce quando o interesse da comunidade prevalece sobre o dos grupos e das pessoas privadas."
José Gil, em
E se mesmo assim alguém ousa ter uma visão crítica, está a um passo de ser apontado como louco, pela sua ousadia de opinião face a poderes a quem é suposto ser-se apenas obediente e submisso. Quem pode, sabe, é detentor de toda a verdade. Por mais que as evidências digam que essa "verdade" é um grande disparate, manda o bom-senso que se fechem os olhos, se seja acéfalo e se siga a "verdade". Note-se que...
"(...) pôr o rótulo de “maluco” a alguém é uma prática com tradição na função pública, e sobretudo com resultados comprovados e de aceitação geral por parte de colegas e chefias. É sobretudo uma forma de psiquiatrizar os disfuncionamentos sócio-organizacionais, de arranjar um bode expiatório, de tranquilizar as consciências e de “não fazer ondas."
(Luis Graça, 2004).
É até legítimo eliminar-se quem é louco, um estorvo inútil ("solicito que junto do (...) seja encontrada uma solução definitiva para este problema", sic)! E não haverá arroubos de indignação porque é tudo a Bem da Nação! Se as pessoas de BEM limpam a casa, está tudo BEM.
BEM MAL, muito mal... face aos contornos cada vez mais definidos das causas do atraso endémico do País.
Que extraordinária a capacidade destrutiva de ideias, de projectos e de energias renovadoras temos dentro da Universidade! Para protecção, a toda a força, de interesses particulares e de grupo.
Sem noção de interesse público não há desenvolvimento; perpetua-se o imobilismo da sociedade.
Sem comentários:
Enviar um comentário